Aprendi com os
ancestrais
A
tradição é o que nos reúne
Em
torno do legado de Aqualtune
Negra
guerreira sequestrada de Angola
Entoou
ladainha que rompia gaiola
Fundou
o Quilombo dos Palmares
Pra que
negros livres cortassem os ares
Experimentando
a liberdade verdadeira
Que já
corria nos quilombos e já jogava capoeira
Matriarca
de Zumbi e de outros que estão por vir
Pra
ensinar que resistir é o motivo de estarmos aqui
Caminhando
em vida pelos nossos ancestrais
E cada
vida gerada, é uma chance de fazermos mais
É por
isso que esses vermes insistem nas chacinas
Mas não
podemos esquecer da revolta de Zeferina
Que não
aceitou ver seu povo como escória
E pegou
em armas para entrar na história
Ogum
também nos recomenda a guerra
Até que
todo negro tenha seu pedaço de terra
Onde possa
plantar para se alimentar
Pois
aprendi com Negro Beiru que cultivar também é amar
E foi
difícil de aceitar que amamos até nossos opressores
Demos o
nosso suor, em troca do escarro sobre nossas dores
Fomos
ensinados a isso pelos nossos professores
Ou melhor,
repressores, mais parecem com feitores
Nos
enfileiram em série até o abate dos senhores
Mas na
Biblioteca Zeferina, abdicamos desse posto
Lá
ocupamos um prédio sem ter que pagar imposto
Fizemos
uma Biblioteca e uma Horta Comunitária
E o meu
sonho, é ver isso em várias áreas.
Pedro Maia tem 23
anos. É poeta e educador. Membro da Biblioteca Comunitária Zeferina-Beiru, onde
desenvolve atividades de ensino e aprendizagem a partir da Pedagoginga:
proposta pedagógica que conjuga saberes interdisciplinares com uma prática
efetiva e transformadora, referenciada nas matrizes culturais africanas e
indígenas. A Biblioteca Comunitária Zeferina Beiru é uma organização
comunitária autônoma e quilombola, situada no bairro do Arenoso, em Salvador.
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