Preto no Poder
Veja a minha indignação
De quem está eternamente na
mira do seu Estado de Exceção
Olha porra! Veja o ódio, mas
também veja a paixão
De quem está disposto a dar
a vida pra matar esse seu sistema de opressão
E não, não olhe pra lá
As correntes vão cair e sua
hora vai chegar
E, caralho, como vai ser
difícil de quitar
Se a cada segundo uma gota
de sangue negro corre a me atormentar
Porque foi o seu racismo que
fez a nossa desigualdade,
Mas não dá mais para viver
essa sina covarde
De todo dia ter que provar a
porra da minha humanidade.
De estupro e violência a
miscigenação se fez,
Quem sabe um dia toda essa
maldade volte procês,
Porque meu corpo do crime já
é freguês;
Vida espancada, arma na
cara, hoje pode ser a minha vez
E quem foi que disse que eu
sou o ladrão?
Esquivando do seu chicote eu
busco todo dia a minha redenção
Mas eu vou dar um papo,
apesar de ser censurado,
Que tem várias famílias na
Vitória que fizeram fortuna traficando escravo
E isso parceiro... não vai
passar
Vamos tomar de assalto sua
fortuna secular,
Mas, calma, branco!
Não deixe que seu racismo
venha te iludir
Porque meus punhos contra
você... eu não vou dirigir
Você vai presenciar mais um
feito da geração tombamento
Pra fazer burguês chorar em
canto de lamento.
Na cidade fora da África
mais preta
Que nunca viu um prefeito,
preto, eleito,
Vamos invadir todos os
espaços e exigir o seu respeito.
Se é verdade que uns
preferem morrer a ver o preto vencer,
Então amarra a corda e se
joga,
Porque nós vamos tomar todos
os postos de PODER!!!
Andrei Williams é um jovem poeta negro de 21
anos que vive na cidade de Salvador. Cursa o Bacharelado Interdisciplinar em
Humanidades na UFBA, onde conheceu e entrou no grupo de pesquisa e extensão
Rede ao Redor, que considera fundamental para a sua formação.
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