quinta-feira, 7 de junho de 2018

Preto no Poder




Preto no Poder

Veja a minha indignação
De quem está eternamente na mira do seu Estado de Exceção
Olha porra! Veja o ódio, mas também veja a paixão
De quem está disposto a dar a vida pra matar esse seu sistema de opressão
E não, não olhe pra lá
As correntes vão cair e sua hora vai chegar
E, caralho, como vai ser difícil de quitar
Se a cada segundo uma gota de sangue negro corre a me atormentar
Porque foi o seu racismo que fez a nossa desigualdade,
Mas não dá mais para viver essa sina covarde
De todo dia ter que provar a porra da minha humanidade.
De estupro e violência a miscigenação se fez,
Quem sabe um dia toda essa maldade volte procês,
Porque meu corpo do crime já é freguês;
Vida espancada, arma na cara, hoje pode ser a minha vez
E quem foi que disse que eu sou o ladrão?
Esquivando do seu chicote eu busco todo dia a minha redenção
Mas eu vou dar um papo, apesar de ser censurado,
Que tem várias famílias na Vitória que fizeram fortuna traficando escravo
E isso parceiro... não vai passar
Vamos tomar de assalto sua fortuna secular,
Mas, calma, branco!
Não deixe que seu racismo venha te iludir
Porque meus punhos contra você... eu não vou dirigir
Você vai presenciar mais um feito da geração tombamento
Pra fazer burguês chorar em canto de lamento.
Na cidade fora da África mais preta
Que nunca viu um prefeito, preto, eleito,
Vamos invadir todos os espaços e exigir o seu respeito.
Se é verdade que uns preferem morrer a ver o preto vencer,
Então amarra a corda e se joga,
Porque nós vamos tomar todos os postos de PODER!!!

Andrei Williams é um jovem poeta negro de 21 anos que vive na cidade de Salvador. Cursa o Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades na UFBA, onde conheceu e entrou no grupo de pesquisa e extensão Rede ao Redor, que considera fundamental para a sua formação.

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