Cosme e
Damião
(Vinícius
Araújo)
Família tanto faz, tanto fez
Era uma vez
Gêmeos?, essa história é familiar
Olha lá, a menina tá vomitando de
novo
Embora o mais novo... quer sair
primeiro.
Desespero exorbitante,
Sua família não vai aceitar,
Correu pro mar
Depois de chorar, ela pediu desculpa.
Hoje ela se culpa
O chá não fez efeito
Pra todo defeito, os dois continua
brigando
Família é igual a mãe,
Mãe é amor espelho sem reflexo
Ela fazia amor, e ele só sexo
Esperto... vai ser espertado pelos
espinhos
Renegou até rosas artificiais,
Artes marciais, praticam sozinhos.
Precisam de carinho
De um pai, ama o próximo,
É tanto ódio, esqueceu, ele é seu
irmão!
Um embrião, querendo ser melhor que o
outro,
Disputando ainda com o cordão
Mesmo sem ter sido batizado.
Tá na roda, então deixa completar a
gestão
A pressa é inimiga da perfeição
A Bíblia ou o Alcorão?
A paz sempre será uma ilusão.
Quem não tá morto vai morrer
Sentiu se mexer
Mesmo a gravidez sendo psicológica
Descendente de alcoólatra
A educação tava travada
Conversa privada
Nasceram duas facções.
Oxente, minha gente
Isso tá contaminando nossa mente
Parente não vê parentes, só os
turistas.
A Síria visitou a Bahia de toda
Europa
E os santinhos das eleições.
É tanto santo corrompido por cifrão
Que agora Cosme tá trocando tiro com
seu próprio irmão,
Querendo tomar a boca de Damião
Ficção não, facção, possa crê,
Pois um era do BDM o outro da CP
Ficção não, facção
Uma tinha a tatuagem da caveira, e o
outro do escorpião
Reflexo da alienação.
Essa é minha história, sobre os
gêmeos:
Cosme e Damião.
Vinícius Araújo é poeta e morador do Bairro da Paz. Começou a escrever
poesia em 2010 através do rap, quando formou o grupo Delito Poético. Por
conviver algumas experiências na favela (Como tiro de raspão na cabeça
etc...), hoje manifesta uma escrita bastante marginal, em protesto contra todo
tipo de opressão que um jovem periférico passa, e denunciando o contraste
social.
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