quinta-feira, 7 de junho de 2018

Versos inquietos




Versos inquietos

Ah, tem dias!
Tem dias que os laços
se desfazem com a poeira do dia cinza
Tem dias que poesia abraça
em abraços indesejáveis de saudades
Tem dias que a mente se anuvia
e faz tempestades de desejos
Tem dias sem lírios, sem cheiros, sem festejo.

Ah, tem dias!
Tem dias que os raios de sol iluminam
a camarinha de minhas agonias
Tem água correndo para o mar e eu
sem poder me banhar
Tentando não represar, deixo escapar
filetes do meu sorriso iluminando o leito do rio
Tem dias que as garças bailarinas
enfeitam as minhas margens
em seus voos de coragem libertando a dor.

Ah, tem dias!
Tem dias que são só de contemplação,
dias de paralisar e ver o céu se enfeitar de um azul quase roxo
Tem dias mais cinzas com borrões amarelos antes dele se pôr…

Mas tem dias que os vitrais se quebram e não há beleza para refletir.

Anajara Tavares é soteropolitana e reside em Salvador, graduada em fonoaudiologia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), mulher negra e combativa. Amante da arte, acolheu a poesia, em si, em 2015. Esta é mais uma participação em coletânea, em que apresenta sua companheira e modo de amar. Já publicou “Outras Carolinas - Mulherio da Bahia” (Penalux) – organizadora e poema incluído, “Nas teias de Eros” (Darda) e “KAMA - Poemas e contos eróticos” (Cogito).

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