Corte de verbas pra educação
Cada
corte,
Me
dizem que sou forte
Mas
Preto...
Eu não
trabalho com sorte.
Até que
se prove
Mais
uma morte
Será
ocultada
E quantas faces teve
sua cabeça degolada?
Um
fuzil que fuzila
São os
olhos voltados
Para os
portadores de melanina.
Um
fuzil que fuzila
É o
cano da PM
Que
segrega tuas vítimas
Um
fuzil que me fuzila
São às
vezes
Que eu
achei meu corpo
Estirado
sobre o colchão...
No
quarto, após o quarto copo
De
vergonha na cara
Pelos
gratos não,
Após a
entrega do currículo
Ao dono
da padaria
Ao
gerente do mercadão.
As
vezes em que a fome chegou primeiro
O Fuzil
foi um tiro certeiro,
Pra
quem não tem dinheiro
Ou
passa fome, ou pede na rua, ou rouba...
Mas eu
tive a sorte de dividir, o cenário com um baleiro
No buzu,
Junto à
fome
Eu vi a
poesia chegar primeiro.
Quem vê
um sorriso,
Não
sabe quanto custa
Um só
riso
Não
sabe o que fazemos com a mente
Pra
achar que ela mente.
Que não
oprime.
Que não
cola.
A gente
diz pra mente:
Fome eu
mato até com coca...-cola.
- Meu
parceiro, me dá um real.
Vou
comprar um Hot Dog
Talvez
hoje ele poderá ser
Meu
prato principal
Por
isso fortaleça sua quebrada
Se é
feio negar água
É feio,
comer calada.
Ao teu
lado pode morar a fome,
E não
julgue
Pois
cada um sabe
Qual
dor que lhe consome.
Cada um
sabe a dor que lhe consome.
Porque
quando não houver mais nada
Eu me
contentarei em encher a barriga de palavra
Mas, e
quem não conhece nada?
E pra
quem a informação não chegou?
Vai pra
rua roubar
Pra
comer e se sustentar
Até que
seja comido.
Afinal,
É nosso
sangue que deixa o solo úmido
É nosso
sangue que deixa o solo úmido.
Não
reconheço ceia
Muito
menos o natal
Se for
pra comemorar o nascimento
Que
seja da poesia marginal.
Kelvin
Santos, Kelvin, como gosta de ser chamado, é soteropolitano. A poesia sempre
foi seu instrumento de luta, antes para fugir dos problemas que assombram o
esteio familiar, hoje para falar um pouco sobre os contextos sociais que
norteiam sua vida.
A poesia é arte do desabafo contra uma sociedade desigual!
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