Retratos de uma vida
Nasceu com uma cor
que dizem ser ruim
Criança com a pele
coberta com o véu noite;
Nasceu numa terra
banhada com o sangue do acoite
Mentiras intrigas
lavagem de dinheiro
A quebrada tá
sinistra o tempo inteiro
O sofrimento é
presente, a dificuldade companheira
Lamento, tormento, o
tempo ensina a vida inteira
Olhe para mim e não
julgue o meu cabelo
Me sinta, me veja, se
olhe no espelho
Ter a pele preta no
Brasil é ter apontado
Para a cabeça um
fuzil
Nas suas balas estão
a pobreza, o racismo, o preconceito e a exclusão
Na escola me contaram
que fui escravizado, não houve resistência,
Já estava tudo dado
Os próprios pretos
não eram aliados e por isso eram muito fáceis de ser dominados
Mentira mentira
mentira mentira discarada
Essa história está
muito mal contada
Não se renderam à
sina de ser escravizados
Resistiram nos
quilombos, amontoados, juntos
Lutando sempre lado a
lado
Resistiram até o fim;
quantos morreram nesta terra antes de mim,
Empobrecidos pela
lógica racista estanca
Escravizados pela
racionalidade branca
De Cam a Zeferina,
legalização religiosa e genocida
então se liga!
Desde os sepultados
no mar aos corpos caídos nas favelas
Sequestrados, presos
e mutilados, emboscam a si mesmos nas vielas.
Marivaldo Gomes
Gonçalves é poeta, um dos integrantes do coletivo Juventude Ativista de
Cajazeiras - JACA.
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