Poesia Em Vida
(Mariana Oxente Gente)
(Mariana Oxente Gente)
Quando eu morrer quero vestir branco
Nada de vestido
Quero deixar filhos
Quando eu morrer, espero que não seja pela PM.
Espero que seja em uma quarta,
Pra lembrar daquela preta de Oyá,
Da ventania no meu peito, dos vinte e poucos beijos,
Daquele xêro que me deixou em um estado de poesia, Bahia.
Quando eu morrer, tomara, seja uma quarta
Pra lembrar do racismo, do sexismo, da lesbofobia que nos ataca,
Até porquê o Machado de Xangô corta pro lado da justiça.
Quando eu morrer, não chorem a minha morte,
Mas, não permitam que outras venham a morrer chorando.
Quando eu morrer quero deixar mulheres vivas, em corpo e em alma
Quero nossas vidas. Nunca violentadas.
Quero ouvir suas vozes,
Quero revirar de orgulho no túmulo.
Quando eu morrer, nada de cremação,
Não sou poesia incompleta para ser guardada em gaveta;
Quero um túmulo.
Quando eu morrer quero deixar feitos e por fazer
Afinal, terei os meus aqui a me suceder.
Quando eu morrer, quero deixá-las em paz,
Quero que tenham água,
Que dancem jongo,
Que acompanhem uma árvore crescer,
Que experimentem Jaca,
Que ainda lembrem Dandara.
Quando eu morrer, me coloquem debaixo da terra
Irei assumir minhas raízes
Quando eu morrer não escrevam: “Aqui jaz”
Escrevam: “Aqui vive, mais uma de minhas ancestrais”.
Nada de vestido
Quero deixar filhos
Quando eu morrer, espero que não seja pela PM.
Espero que seja em uma quarta,
Pra lembrar daquela preta de Oyá,
Da ventania no meu peito, dos vinte e poucos beijos,
Daquele xêro que me deixou em um estado de poesia, Bahia.
Quando eu morrer, tomara, seja uma quarta
Pra lembrar do racismo, do sexismo, da lesbofobia que nos ataca,
Até porquê o Machado de Xangô corta pro lado da justiça.
Quando eu morrer, não chorem a minha morte,
Mas, não permitam que outras venham a morrer chorando.
Quando eu morrer quero deixar mulheres vivas, em corpo e em alma
Quero nossas vidas. Nunca violentadas.
Quero ouvir suas vozes,
Quero revirar de orgulho no túmulo.
Quando eu morrer, nada de cremação,
Não sou poesia incompleta para ser guardada em gaveta;
Quero um túmulo.
Quando eu morrer quero deixar feitos e por fazer
Afinal, terei os meus aqui a me suceder.
Quando eu morrer, quero deixá-las em paz,
Quero que tenham água,
Que dancem jongo,
Que acompanhem uma árvore crescer,
Que experimentem Jaca,
Que ainda lembrem Dandara.
Quando eu morrer, me coloquem debaixo da terra
Irei assumir minhas raízes
Quando eu morrer não escrevam: “Aqui jaz”
Escrevam: “Aqui vive, mais uma de minhas ancestrais”.
Mariana Oxente Gente é neta de Maria Madalena e Filha de Maria Lúcia. É
mulher negra e poetisa marginal integrante do Coletivo ZeferinaS. “A poesia pra
mim sou eu, meu povo, nossas histórias, nossas dores, nossas flores, o que não
cabe nessa prosa e nunca caberá no verso”.
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