quinta-feira, 7 de junho de 2018

Até dormir para sempre




Até dormir para sempre

Eu te juro que acordo cedo, sim, por um motivo melhor
Pra fazer minha mãe se orgulhar, colher frutos do suor
Faça chuva ou sol
19 anos, ficha limpa, ideias 'suja', nenhum B.O.
Fato intrigante
Alguém pode me dizer qual é a característica de um meliante?
Tratamento deveria ser igual, mas quando enquadra alguém com a pele mais escura as cenas são humilhantes
Carro do lanche passou direto, mas fez a curva
Tem que ser profissional na hora da fuga

Existem aqueles que te ajudam, o resto são apenas sanguessuga
Frustrante é vender picolé em dia de chuva
Manteiga no pão, familiares dormindo
Da laje vejo a demarcação do meu domínio
Meu cachorro sempre alerta
E não importa o quanto o dia foi doloroso, no fim sempre estou sorrindo
Fui dormir tarde, assustado
Me senti por um fio, como se estivesse sendo sufocado
Logo eu que não sou de me assustar
Mas aconteceu tantas vezes, acho que deveria estar familiarizado
Galo cantou pontual, acordei, escovei os dentes
Ainda tentando decifrar enigmas feitos na minha mente
Sem resposta me sinto um nada; liguei a maldita televisão, matéria recente
Meu sorriso não é de alegria, te juro, acordo cedo, e meus irmãos dormem pra sempre

Sentimento melancólico devido ao afastamento de uma pessoa, uma coisa ou um lugar, ou à ausência de experiências prazerosas já vividas
Saudades dos antigos amigos, dos finados e dos que estão vivos
Um salve pra mãe que perdeu seu filho
Desculpa mãe, sei que andei perdido
E imagino o desespero da família que teve a casa invadida por bandidos
Seu familiar que perdeu a vida enquanto estava dormindo
Muita força, paz de espírito às mãe que visitam seu filho na Lemos de Brito
Passa lá pela manhã num dia de domingo
Ou na Praça da Sé no quadro dos desaparecidos
E tenho fé que esses versos 'tocará' o coração daqueles que pelo mundo mágico do crime foi iludido.

Niel Sousa é poeta e rapper de Sussuarana, frequentador assíduo do Sarau da Onça.

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