Boi da cara pálida
Acabou a historinha
Todo mundo já sabe a cara do boi
De preta não tem nada!
A cara do boi é pálida!
Seduz com Jesus e crucifixa com sua cruz
Busca nos culpar pelo que não deveríamos nem
nos preocupar
A escravidão é mental
Reside onde deposita sua fé
E onde tu deposita a tua?
Num santo salvador?
Que em um dia virá do céu e acabará com toda
dor?
É disso que tô falando…
Vivemos como tratamos os bois
Só trabalhamos para manter a boa vida dos
latifundiários
Seguimos esperando a hora do abate.
Mas nós ká!
Sabemos que se for preciso pegaremos em armas
para sair do pasto
Caminharemos rumo ao sul buscando o horizonte
da utopia
E abandonando o norte da escravidão
Além de terra, comida, educação para nossos
filhos,
Manteremos o respeito aos ancestrais e a
tradição
Afinal, as tradições nos servem para nos
manter unidos
É como um vento que leva o zunido daquilo que
não pode ser dito.
A nossa Identidade ancestral foi posta pra
fora pelas instituições de educação
E o descaso frente ao genocídio dos indígena
e dos preto
É o reflexo do distanciamento da nossa raiz.
Mas o recado já foi dado:
“Assim como
construímos seus lares, também podemos destruir.”
Não vamos mais ser homens condenados,
Que tiveram o destino traçado pelo jogo dos
brancos.
A força reside aqui, nesse exato momento
Na união da família que maquina no presente
Um plano para transformar em ruína,
Tudo isso que achamos que é nossa sina.
E enquanto não sentarmos em uma roda
lembrando dos dias de luta,
Permaneceremos em pé construindo a história
daqueles que ousam lutar!
Lucas Barbosa nasceu
em Jequié e foi criado em Salvador. Angoleiro, educador social, professor de
Sociologia, licenciado em Ciências Sociais, poeta e educador da Biblioteca
Comunitária Zeferina Beiru, uma organização comunitária autônoma e quilombola
localizada no bairro do Arenoso.
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