quinta-feira, 7 de junho de 2018

Despertar




Despertar
(Ludmila Singa)

A imposição da sua cultura
Não cega mais meu reflexo.
Andei por outros caminhos,
Vi o quanto fatos são distorcidos
E que estar sozinha é só um estado de inércia.
Luto pra livrar a “patologia psíquica”
Que congela os pretos
Quando ver um camburão passar na esquina,
Que destrói lares, comunidades e corações
Guarda teus sentimentos, aqui pra ser forte,
A frieza tem que fazer parte da ação.
O sistema de ensino só induz a esse complexo de inferioridade
É que a população sem referência,
Acaba acreditando na penitência,
Sem entender a noção do que é agir na malandragem.
Sua ideologia, já não me contempla
Debate de gênero, recai sobre o Feminismo
E minhas vivências não cabem em uma teoria eurocêntrica!
Vim pra falar de referências,
Já que é pra teorizar vou citar o Mulherismo
Pra ver quem aguenta o peso da treta.
Não almejo inserção no seu padrão de consumo,
Não culpo o homem preto pela maldade no mundo,
Mas, vejo sim, a necessidade de dialogar
Alertar os irmãos, porque juntos é mais fácil caminhar.
Encontrar minha humanidade através das relações que estabelecer
E sentir nas diferenças, a sintonia que sincroniza tudo
Pra que o todo possa acontecer.

Ludmila Singa, 20 anos, graduanda no Bacharelado Interdisciplinar em Artes na UFBA, uma das produtoras e poetisas do Slam das Minas-BA, graffiteira e membro do grupo de Arte Popular A Pombagem.

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