Despertar
(Ludmila
Singa)
A
imposição da sua cultura
Não
cega mais meu reflexo.
Andei
por outros caminhos,
Vi o
quanto fatos são distorcidos
E que
estar sozinha é só um estado de inércia.
Luto
pra livrar a “patologia psíquica”
Que
congela os pretos
Quando
ver um camburão passar na esquina,
Que
destrói lares, comunidades e corações
Guarda
teus sentimentos, aqui pra ser forte,
A
frieza tem que fazer parte da ação.
O
sistema de ensino só induz a esse complexo de inferioridade
É que a
população sem referência,
Acaba
acreditando na penitência,
Sem
entender a noção do que é agir na malandragem.
Sua
ideologia, já não me contempla
Debate
de gênero, recai sobre o Feminismo
E
minhas vivências não cabem em uma teoria eurocêntrica!
Vim pra
falar de referências,
Já que
é pra teorizar vou citar o Mulherismo
Pra ver
quem aguenta o peso da treta.
Não
almejo inserção no seu padrão de consumo,
Não
culpo o homem preto pela maldade no mundo,
Mas,
vejo sim, a necessidade de dialogar
Alertar
os irmãos, porque juntos é mais fácil caminhar.
Encontrar
minha humanidade através das relações que estabelecer
E
sentir nas diferenças, a sintonia que sincroniza tudo
Pra que
o todo possa acontecer.
Ludmila Singa, 20
anos, graduanda no Bacharelado Interdisciplinar em Artes na UFBA, uma das
produtoras e poetisas do Slam das Minas-BA, graffiteira e membro do grupo de
Arte Popular A Pombagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário