quinta-feira, 7 de junho de 2018

Nude




Nude

Sem sensualismos perversos,
sem vontade de sexo, só por vontade,
nada de experimentos propensos ao incerto
quero ver aberto o plexo, o meu peito,
hoje só me deito com quem for de verdade,
quem não vive de miragem e se excita com um olhar
não vou mais ser par de um engodo,
amanhã magro ou gordo, que importa a casca,
quero ser coito de alma, de entranhas e energia
a vida é tão vazia quando o amor falha!

Mande-me um nude de olhar,
um self interior pra minha rede neural,
um gesto de amor sem intenção obtusa
uma oração que eu também possa compor
sem precisar tirar a blusa,
um ato nu que me dispa dos véus
quero ir pro céu, muito além do gozo,
quero estar junto e sentir bem lá no fundo,
ficar mudo e ser compreendido,
um amor sincero é só o que me faz sair do abrigo.

Quer entender o que digo?
Deixe, ao entrar, as roupas, as máscaras e qualquer desejo
não importa se vai haver beijo ou coito,
apenas importa estarmos juntos, entregues
a vida é tão breve, a aparência é tão curta
não fiz tanta luta pra morrer sem ver além da pele…
Amor te vele!
eu sei que alguém aí me escuta!

Rafael Pugas é poeta desde tenra infância. Angustiado com as mazelas e injustiças do mundo encontrou na poética uma válvula de expressão pra diminuir a pressão dentro de si, tornou-se profissional da poesia (escritor e declamador) por consequência de sua outra profissão: Psicólogo, quando fundou com mais três guerreiros de Saúde-BA o coletivo À TU AR, nos idos de 2001.

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