Despertar do Coma
Favela, favela!
Quem és tu, favela?
Favela é mente, corpo
e membro?
Favela sabe quem é
favela.
Favela é conhecer a
sua descendência, e não matar ela.
Favela não senta,
favela corre.
Favela não é escravo,
e sim fujona.
Favela não é malandra,
mas sobrevivente.
Favela não soma, mas
multiplica unida.
Favela fortalece
favela, e não o sistema.
Favela rica e não
pobre.
Favela assistiu, agora
cochilou.
Favela perdeu a
infância.
Favela morreu a
cultura.
Favela unida, agora
confusa.
Favela esquecida, se
tornou desaparecida.
Favela governar, só se
assassinar.
Favela agredida, em
silêncio ela fica.
Favela grande, agora
pequena.
Favela de ouro, mas
tola.
Favela que engole, mas
não vomita.
Favela ri, sem
esperança.
Favela consciente,
sempre questiona.
Favela sente o que é
tortura.
Favela sabe o que é
dieta.
Favela de caráter
suicida.
Favela quer amor, o
ódio ficou.
Favela feliz, é a
mídia tentando iludir.
Favela de dia, só
observa.
Favela de noite, tem
que ficar esperto.
Favela sem lei, fica
desorganizada.
Favela com lei, ela
mata.
Favela negra, mas de
consciência escravizada.
Favela suja, é os
porcos que vão limpar as ruas.
Favela olhou, e não
enxergou.
Favela ouviu, e não
agiu.
Favela falou, mas não
denunciou.
Favela morta, não
ressuscita.
Favela humana, é uma
bala de ponto 40 que se aproxima.
Edson
dos Santos Junior é poeta, escritor e orador, natural de Santa Amaro da
Purificação, vive e vivencia em Salvador. Trabalha há dois anos nas ruas de
capital e de Camaçari, onde recita poemas e vende livretos de literatura
periférica. Revela essa marginalidade corporal no Grupo teatral Ayá. É através
do teatro e dos versos que essa semente cresce mesmo quando a terra está dura.
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