quinta-feira, 7 de junho de 2018

Pés no Chão




Pés no Chão

Choro em meio ao meio fio.
O sistema é barril;
Diz que ama o pobre
Mas o deixa morrer
De fome e de frio.
Ignorância mata gente,
Arrogância mata a gente
E quem sonha em ser presidente
Dança na banda do mais rico
Que pode trocar o ritmo
Mas troca apenas o dançarino.
Paga o pato quem consome,
Quem consome é o trabalhador
Consumido a cada suor,
Com o sumiço do seu salário
Que no início do mês
Já se encontra esgotado.
E o povo fica zangado,
Doente e calejado
E o doutor nem sequer
Olha a cara do coitado.
Quando eu era bem pequena
Só pensava em ser artista
Fazer as pessoas sorrirem
Melhorar as suas vidas
Mas lembro de ouvir:
"É melhor cê ser dentista
Pra ter muito dinheiro,
Casa, carro e diarista."
Ainda bem que pensei assim e resisti:
Se pra ter dinheiro terei que viver
Longe da arte, então
É da mala cheia dele
Que vou ter que desistir. Ah...
São tantos salafrários
Ricos: pobres coitados,
Que até cansa tentar explicar
Que o amor é o maior salário.

Taíssa Cazumbá é poetisa e atriz. Natural de Salvador, escreve desde a infância e recita em projetos artísticos desde 2007. É autora do livro “Poesias de Inverno” (2015), quando criou a "A Currute Editora Artesanal". Desenvolve o trabalho de artista de rua, atua nos transportes públicos por onde passa, como em Salvador, onde recita poesias e distribui livretos e livros poéticos. Participou de coletivos de teatro com sua militância através da arte.

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