quinta-feira, 7 de junho de 2018

Intenso




Intenso

Desgaste e exaustão mental,
levando os olhos pelo mesmo caminho.
Culpa atribuída aos ciclos
que não se cumpriram
e outros que nem iniciaram,
esse tempo relativo parece que só chega tarde,
quando a graça já foi embora
e não há mais nada a ser descoberto,
só mesmo o cumprimento da tabela vital e obrigatória
que nos rodeia em tempo integral.
Cápsulas por vezes se fazem necessárias
para que os dias em par passem mais depressa
e amenizem as mazelas que abatem os pensamentos
em diversos tons acinzentados.
A alma comprometida se reflete no corpo,
e este, por sua vez, dói muito
pela força física de continuar de pé,
a gravidade pesa ainda mais,
comprimindo,
chegando quase a soterrar
tudo que fazemos questão
que esteja sempre intacto e bem visto.
E agora,
o amor não é mais responsável
por esse desconserto
e sim uma suposta dúvida
sobre a essência natural e imutável
dos que se dizem humanos.
Então, agora despida dessa esperança tão almejada,
e nem sempre alcançada,
aguardo que o senhor tempo
se encarregue de sustentar ou decapitar definitivamente
alguma crença em algo...
o que quer que seja!!!

Manuela Ribeiro é nascida e criada no bairro de Castelo Branco. É museóloga, poeta, atriz e produtora cultural. Idealizadora e realizadora do Coletivo Mulheres Aguerridas. Integrante do Grupo de Arte Popular A Pombagem e do Coletivo Arte Marginal Salvador, vem realizando recitais poéticos e espetáculos de teatro de rua nas periferias da cidade. É membro do Movimento Popular de Teatro de Rua da Bahia.

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