Em sete de
setembro...
Que
horas é então que se percebe
Que se
perde
O fio
da meada
As
contas do colar
No qual
se contavam histórias
Ao se
pendurarem no pescoço?
Mas é
que a gente
Nunca
sabe o que pode por ventania haver
Caso
não se compreenda coisa alguma
Quando
acaso se perca a cabeça
No
exercício de pensar em demasia
E já
não é por acaso então
Que em
dias de sete de setembro
Onde o
tempo é livre entre os desfiles e ecos dos sons
E até a
ironia é
Mas eu
ainda não,
Que o
sol já se deixa cair,
Mergulhando
rápido demais no mar
Enquanto
caio em mim
Que
defronte a estas estátuas de olhos frios
Ao som
dos carros, altíssimos
Que
altissimamente quase sempre me agridem
Em meio
ao medo de sentar e estar só
Na
praça quando não se tem quase ninguém.
É sete
de setembro
Todos
estão livres,
Nós não
Fito em
mim, de olhos arregalados, quase úmidos
No
reflexo da poça,
Poço
que me engole
E quase
morro quando um rapaz vem me pedir uma seda
E me
mede inteira, quase me engole
Quase
me estraçalha, me violentando
Com
seus olhares, sorrisos, expressões e algum comentário sobre meu corpo
Já não
me assaltam
Me
fitam, me seguem, me objetificam
Posso
assaltar-me de indignação a qualquer instante
Por não
me ser permitido estar numa praça semi-vazia
Pois
ainda dizem que é nossa culpa...
(por
roupas, gestos, palavras, existência...)
Não é
nossa culpa!
Não é
nossa culpa!
Não é
nossa culpa!
A culpa
é deles
Sou uma
mulher quase sozinha numa praça
Num
feriado, com a tarde caindo
E de
tanta vontade de poder me ser,
Tremo
de indignação (e medo também) que ainda não possa.
Michelle Saimon é
escritora, arteira/alquimista/artesã, reikiana, bacharela em humanidades e
estudante de psicologia. Tem textos publicados em algumas antologias e expõe
suas poetizações acerca do cotidiano no blog/página do Facebook “Sobre Dias
Nublados”, e onde mais tiver algum
tanto de gente querendo ouvir poesia por aí.
Nenhum comentário:
Postar um comentário