Reaja
Revi e vi, que o
gueto tá sinistro, mas desde o início sempre foi assim,
Nas ruas da nossa
cidade não há segurança, quando não perdemos nossos jovens para a facção,
perdemos para a violência policial
Só tá Morrendo preto,
e o pior que quem mata é preto/fardado
Tô cansado de ver meu
povo sofrer, eu tô cansado, cansado de ver tantas desigualdades sociais/raciais
Por isso estou aqui,
mais um guerreiro do gueto, honrando o nome dos pretos que lutou por mim: Dona
Ivone Lara, Dandara, Sabotage, Zumbi!
Mas na favela é mais
fácil sucumbir, Se vacilar, o crime te abraça e te faz desistir.
As drogas te cercam e
só te faz se iludir. Não deixe o crime te abraçar, abrace um livro e busque seu
conhecimento.
Reaja
Que eu te ajudo a
lutar; conhecimento é a chave para sua liberdade física e mental conquistar.
Vivemos numa
escravidão maquiada! E pra vencermos essa luta tem que ser a mão armada, de
caneta e papel!
Não sei quem mata
mais, a fome? O fuzil? Ou ebola?
Quem sofre mais, as
pretas daqui ou de Angola?
Sabotage deu a ideia!
Pare pra pensar nessa
situação que já é normal, todo dia eu vejo preto sendo oprimido numa abordagem
policial.
A rotina deles é
abordar violentamente, diariamente, todo preto. Por que branco não sofre
abordagem de rotina(2x)
O sistema nos oprime,
é o mesmo que nos corrompe, que depois da lavagem cerebral, escorraça seus
irmãos de cor, feito homem/animal raça anormal.
Chega de opressão
policial!!
Rilton Junior (Poeta
com P de Preto) é Pai, Agente Cultural, ator, arte-educador, apresentador do
Slam da Raça, compõe o Grupo de Poesia Resistência Poética além de ser
Intérprete de suas vivências. A Sua Poesia de Revolução Verbal dá voz a
juventude preta soteropolitana, que há tempos vem sendo silenciada pela
opressão institucional. Residente em Nova Brasília de Itapuã, o poeta relata as
mazelas do gueto; é como um grito que soa das comunidades carentes de Salvador,
contra a opressão racial, policial, o machismo imposto a todo homem negro pela
busca de uma tal masculinidade, a intolerância religiosa, a desigualdade
social, dentre tantas outras questões que atingem a população afrodescendente
soteropolitana. Tem poemas publicados no Prêmio Galinha Pulando 2015 e na
Antologia Literária Jovem Afro (Quilombhoje 2017).
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