Desabafo
(Cairo
Costa)
É a bala
veloz
Do branco
algoz
Que cala
a voz
Do jovem
da favela;
Favela
que ouviu
O som de
fuzil
O corpo
sumiu
Bem vindo
ao Brasil,
País do
carnaval,
Onde os
10% mais ricos detém metade da renda total
Ainda tem
gente que acha normal.
Seria
engraçado se não fosse trágico,
Pois
metade das casas brasileiras não possui saneamento básico
E todo
ano é a mesma piada
O
mosquito viraliza, a culpa é sua que deixou a água parada
O que
parou por aqui foi a verba para educação
A merenda
foi roubada
O
professor levou pancada
Dos
heróis que vestem farda
E que
protegem o governo
Os que
venderam a educação para manter o lucro dos banqueiros
O
movimento é desigual
O que
rege é o capital
A ciência
é o aval
Para os
fins justificar
Eu sempre
lembro de uma história
Que
aprendi na minha escola
O
indivíduo quando rouba
Tem a
natureza má
Quanto
vale uma vida?
Quem
souber me diga!
Implantar
no gueto
O medo e
o desemprego
É o plano
perfeito
Para
criar os suicidas
E a cor
do suspeito?
Por favor
me digam
Tá tudo
estarrado
Corpo
negro leva enquadro,
Toma
murro, é humilhado,
Com
flagrante é encarcerado,
Observem
o resultado
Sempre da
mesma maneira
O Playboy
paga fiança
Passa um
dia na cadeia
A juíza
sente dó
Porque
ele agora cheira pó
Com sua
tornozeleira
Será que
é futuro se persiste o passado?
Será que
o Estado é mesmo meu aliado?
Palavras
bonitas do século XVIII
Liberté,
egalité, fraternité
Vá se
fuder, que esse migué eu não vou comer
Cairo Costa é poeta integrante do grupo Juventude
Ativista de Cajazeiras – JACA e sua militância é em prol de um mundo
igualitário, em que todos e todas tenham direitos iguais, com respeito às
diferenças e que o poder seja exercido igualmente por todos e todas.
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