Dia de
trabalho
(José
Cláudio Onofre)
Dorme
tarde, acorda cedo.
Começa a
rotina
Sem carro
próprio, peregrina
Desce
ladeira, vira a esquina
O ponto
fica lá em cima, corre para não perder
“Ei, você!” Perdeu a condução
Um
palavrão ecoa. “Vai para o Sul!”
Aguarda o
próximo
Olha o
relógio. “Vum”, “vum”!
O tempo
não espera
Vai tomar
uma bronca daquelas!
Até que
enfim chegou! “Bom dia, motô”!
Buzu
lotado, todos amontoados;
“Com licença. Abre a janela aí, cunhado!”
É uma
viagem, mais uma vez vou chegar atrasada
Minha
patroa fica retada e não entende nada
Fala que
a culpa é da gente
Infelizmente,
a sorte dela não foi para mim
Dona
Sônia nem sonha que levanto às 4
Boto o
café do marido, lavo os pratos
Pego o
ônibus lotado, trânsito engarrafado,
Motorista
estressado, sufoco danado
Ela dorme
às 22, acorda às 14 horas e faz um café reforçado
Sai para
visitar a amiga
Em
seguida, passa no shopping
Depois ao
Pet Shop para cuidar do bichinho de estimação.
Que
vidão!
Eu
esquento a barriga no fogão e esfrio na pia
Cuido da
patroinha, limpo a sala e a cozinha
Ainda nem
fiz a metade
É hoje
que meu marido briga comigo só porque eu cheguei tarde
E amanhã
começa tudo novamente.
José Claudio Onofre (Mc BisQüi) migra para a
capital, ainda criança, com seus pais. Em 2004 conhece o Movimento Hip Hop que
vira seu instrumento de luta e incentivo para manter-se fora da criminalidade,
quando passa a participar do grupo de rap Face Humana, formado por amigos, que
anos depois termina por motivos diversos. Mas o poeta dá continuidade mesclando
rap e poesia e idealizando projetos para o fortalecimento da comunidade onde
vive.
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